segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Pancreatite Aguda

É uma condição inflamatória aguda, com acometimento variável de estruturas peripancreáticas e órgãos à distância. Patologia detecta necrose gordurosa associada a reação inflamatória.

É dividida em pancreatite leve e pancreatite grave.
P. leve – cursa apenas com edema, sem áreas de necrose, sem complicações locais ou sistêmicas e apresenta curso autolimitado de 3-7 dias. Letalidade 1%.
P. grave – cursa com extensa necrose, hemorragia retroperitoneal, quadro sistêmico grave e uma evolução de 3-6 semanas. Letalidade 30-60%.

O processo inflamatório se inicia por lesão das células acinares (produtoras de enzimas pancreáticas), que passam a liberar enzimas ativas para o interstício. A liberação de enzimas ativas no interstício acaba levando a lesão do endotélio vascular e das próprias células acinares. Levando então a alterações da microcirculação, como microtrombose, vasocronstrição, estase capilar, redução da saturação de oxigênio e isquemia progressiva. Esse fenômenos produzem aumento da permeabilidade capilar e edema da gandula, além de uma insuficiência da microcirculação. E a translocação bacteriana ocorre pela isquemia e por shunts arteriovenosos induzidos pela pancreatite, que acabam provocando a quebra da barreira intestinal. (cólon transverso – contato próximo com o pâncreas). A infecção do tecido pancreático apresenta altíssima letalidade.

As principais causas de pancreatite aguda são: Litíase Biliar e Alcolismo

Litíase Biliar – a passagem de cálculos biliares pela ampola de Vater parece ser a causa mais comum. Geralmente são cálculos menores. A obstrução da ampola pode provocar indiretamente a liberação aguda de enzimas pancreáticas ativadas; ou a obstrução proporciona refluxo biliar para o ducto pancreático, desencadeando o processo de ativação enzimática.
Não se associa com a pancreatite crônica.
É mais comum no sexo femininoo, obesos e entre 50-70 anos.

Alcolismo -  Em geral o indivíduo já é etilista há pelo menos 5 anos e já existe algum comprometimento crônico do pâncreas.
A crônica é marcada por vários episódios de pancreatite aguda, desencadeadas após libação alcólica.

Outras causas: Hipertigliceridemia (pcs diabéticos mal controlados e/ou hipertigliceridemia familiar e em alcoolistas); Hipercalcemia, Pós-operatório; Induzida por fármacos, Pancreatite Idiopática (microlitíase biliar, disfunção do esfíncter de Oddi)

Manifestações Clínicas

DOR ABDOMINAL AGUDA + VÔMITOS + NÁUSEAS
Dor abdominal em andar superior do adbome e contínua. Pode irradiar para o dorso e ser caracterizada como dor em barra. A dor é de progressão rápida e intensa.
Outros sintomas: inquietação, agitação e alívio da dor em posição genupeitoral.

Pode apresentar febre, sinais de desidratação, taquicardia, taquipnéia, confusão mental em situações mais graves. Pode ocasionar icterícia.

Exame físico: Dor leve à palpação, sinal de Blumberg (irritação peritoneal). Sinal de Cullen, Grey-Turner.

Confirmação diagnóstica
Exames de sangue (amilase e lípase) + Exame de imagem (TC)
Amilase: Costuma se elevar no primeiro dia do quadro clínico e se manter elevada por 3-5 dias.
Normal < 160U/L
Lipase: Se eleva junto com a amilase, mas permanece por mais tempo elevada, entre 7-10 dias. É mais específica.
Normal < 140U/L

Obs: As duas enzimas acima 3x do valor de normalidade são altamente específicas.

TC com contraste oral e venoso é o melhor método. Indicações:
  1. Diagnóstico clínico duvidoso
  2. Pacientes com amilase alta e sinais de gravidade (distensão e dor abdominal, hipertermia e leucocitose)
  3. Ranson > 3
  4. Paciente que apresentam melhora clínica com o tto incial por 72hrs
  5. Deterioração clínica aguda após melhora clínica inical.

Outros exames: USG ( diagnóstico de litíase biliar – está sempre indicada),
Rx (quadro de abdome agudo, RNM

Critérios de Ranson (Prognóstico)

INTERNAÇÃO HOSPITALAR                         
Ø      55 anos
Ø      Leucocitose > 16000mm³
Ø      Glicemia > 200mg/dl
Ø      LD4 > 350 UI/L
Ø      TGO > 250 UI/L

PRÓXIMAS 48HRS
Ø      do Hto acima de 10%
Ø      de BUN > 5mg/dl (uréia e nitrogênio no sangue)
Ø      Ca < 8 mg%
Ø      PO2 < 60mmHg
Ø      Déficit de base > 4 mEq/l

A presença de 3 desses critérios ou mais define pancreatite grave!

Tratamento
Abordagem: Reposição volêmica, analgesia e dieta enteral zero
  • Forma leve ou grave?
  • Grave – TC
  • Obsservar complicações
  • Recomeçar a dieta enteral no momento certo

Tratamento forma leve:
Analgesia (meperidine) + hidratação venosa + controle ácido/básico

Tratamento forma grave:
Analgesia(opiáceo – meperidina) + hidratação venosa (6l de Ringer Lactato em 24hrs) + suporte nutricional + antibioticoterapia profilática (imipinem – 10 dias)
Aminas vasopressoras em caso de choque.

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