segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ciclo Menstrual

O ciclo menstrual ocorre em diversos níveis do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, e a interação entre esses componentes resulta em produção de hormônios e alterações morfológicas em alguns órgãos.

O ciclo mesntrual é dividido em dois períodos:
  • Ciclo ovariano – é dividido em duas (2) fases, a Fase Folicular e a Fase Lútea, e entre estas há o Período Ovulatório.                                                               
  • Ciclo Uterino - é dividido em três fases: Fase Menstrual, Fase Proliferativa e Fase Secretora.

Duração do ciclo varia de 21 a 35 dias, sendo a média 28 dias e o fluxo menstrual dura aproximadamente de 2 a 6 dias (perda sanguínea de 20 a 60ml).

Hipotálamo!
Um dos principais produtos de secreção do hipotálamo é o Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH) que alcança a hipófise anterior através da circulação porta-hipofisária. Este hormônio é responsável pela regulação da secreção de FSH e LH pela hipófise anterior (adenoipófise). Seu estímulo (GnRH) à secreção destas gonadotrofinas, deve ser liberado de forma pulsátil para uma melhor função, e estes pulsos são modulados através da norepinefrina, que possui ação estimulante, e através da dopamina que possui função inibitória.

A secreção do GnRH varia em freqüência e amplitude em todo o ciclo menstrual.
- Fase folicular > pulsos freqüentes e pequena amplitude. E na fase folicular tardia há um aumento da freqüência e da amplitude desses pulsos.
- Fase lútea > diminuição progressiva da freqüência dos pulsos. E a amplitude é maior que na fase folicular, mas diminui progrssivamente durante as duas semanas (14 dias).

Existem situações que influenciam a secreção adequadada GnRH, e podem provocar regulação incorreta do eixo hipófise-ovário; como exercícios físicos, estresse, problemas emocionais, dietas e demandas nutricionais.

Outros hormônios hipotalâmicos:
- Hormônio liberador do hormônio de crescimento (GHRH)
- Fator liberador de corticotrofinas (CRF)
- Hormônio liberador da tireotrofina (TRH)

Hipófise!
A adenoipófise (região anterior da hipófise) é responsável pela secreção de hormônios reguladores como FSH, LH, TSH, ACTH, GH, prolactina.
O FSH e LH (gonadotrofinas) são responsáveis pela estimulação da folicilogênese, ovulação e regulação da produção de hormônios pelos ovários.
A neuro-hipófise (região posterior) é responsável pela produção de dois hormônios, ocitocina (responsável por contração muscular uterina durante o parto e contrações mioepiteliais dos ductos lactíferos mamários – ejeção do leite)  e vasopressina/ADH (hormônio antidiurético – regula volume sanguíneo circulante, pressão sanguínea e osmolaridade plasmática).

Ovários!
São as gônadas femininas responsáveis pela produção de hormônios (estradiol, estrona, androstenediona, testosterona, progesterona e peptídeos gonodais) e pelo desenvolvimento dos folículos imaturos até sua fase final de amadurecimento.
Os ovários podem ser divididos em três (3) compartimentos funcionais:
  • Folicular – neste compartimento a principal secreção é o estrogênio, mas a inibina B também é produzida.
  • Corpo Lúteo – o principal produto é a progesterona; e há também produção de inibina A.
  • Estroma – os principais produtos são os androgênios.

O estradiol e a progesterona são os principais hormônios secretados pelo ovário, e são encontrados no sangue conjudagos a proteínas, como albumina e a proteína carreadora de hormônios sexuais. Quando se desligam dessas proteínas, se ligam a receptores específicos, encontrados principalmente nos ovários, útero, mamas e vagina.
- O estradiol tem ação no desenvolvimento folicular e endometrial, e produz LH no meio do ciclo.
- A progesterona age na manutenção do arcabouço endometrial.

OBS: A secreção ovariana influencia a secreção das gonadotrofinas. O feedback é negativo quando a secreção ovariana diminui a secreção de gonadotrofinas. E é positivo quando a secreção ovariana leva ao aumento da secreção hipofisária.

Ciclo Ovariano

Fase Folicular > é a primeira fase do ciclo menstrual. Nesta fase há a seleção do folículo dominante, que passa pelos estágios de folículo primordial , folículo pré-antral, antral e pré-ovulatório, sendo o resultado final desse processo de desenvolvimento, um único folículo maduro viável.
O desenvolvimento folicular é um processo contínuo e dinâmico que só se interrompe quando os folículos crescem e entram em atresia (apoptose ou morte celular) continuamente.
Esta fase dura em torno de 10-14 dias.
> Nos primeiros dias da fase folicular há um aumento do FSH, que é um sinal para o recrutamento folicular (15 ou mais folículos são recrutados a cada ciclo). O FSH promove uma multiplicação das células da granulosa e uma diferenciação das células estromais cincunjacentes pela teça interna e externa.
> As células da teca sintetizam androstenediona e testosterona sob estímulo do LH.
> E as células da granulosa convertem os androgênios em estradiol e estrona através da enzima aromatase, dependente de FSH.
> Assim o FSH -aumenta a produção estrogênica (os dois aumentam a quantidade de receptores para FSH)
                          -promove o crescimento da granulosa
                          -estimula a ação da aromatase

> Na metade dessa fase, os níveis de LH se elevam (influência do estrogênio – recontrole positivo) junto com o número de seus receptores nas células da teca (ação do FSH).
> LH estimula produção de androgênios ela teca, e esses são aromatizados em estrogênios (Teoria das Duas Células e Duas Gonadotrofinas).
> As células da granulosa com o crescimento e proliferação, aumentam os receptores de FSH e a expressão da enzima aromatase para aumentar o nível de estrogênio na circulação e líquido folicular. Este líquido propicia um ambiente para os oócitos e células da granulosa interagirem com os hormônios (FSH e estrogênio).
> O folículo dominante ocorre na fase folicular inicial e os outros folículos entram em atresia progressivamente.

Ovulação
Fase em que ocorre a estimulação a maturação e ruptura folicular. Nesta fase o marcador mais importante é o pico de LH no meio do ciclo, que é precedido pelo aumento do nível de estradiol.
> Após o pico de LH a produção de progesterona aumenta progressivamente, e esta aumenta a distensibilidade da parede folicular. E o próprio LH apresenta uma queda posterior ao pico (recontrole negativo).
> A ovulação aproximadamente 36horas após o início da elevação dos níveis de LH, e cerca de 12 horas após o seu pico máximo.

Fase Lútea
Após a ovulação o folículo se organiza para formar o corpo lúteo. E esta fase é controlada pela secreção de LH pela hipófise.
> Neste período há um aumento agudo dos níveis de progesterona.
> A duração da fase lútea é sempre fixa, dura 14 dias.
> Quando não ocorre fecundação, o corpo lúteo regride. E esta regressão leva a uma queda dos níveis de estradiol, progesterona e inibina A. A queda da inibina A permite a elevação do FSH alguns dias antes da menstruação(remove influência supressora). E o decréscimo do estradiol e progesterona permite o aumento dos pulsos de GnRH pelo hipotálamo.

Controle ovariano da secreção de gonadotrofinas!
Estradiol: este hormônio realiza recontrole negativo na grande parte do ciclo. O pico de LH resulta do recontrole positivo de estradiol sobre a hipófise.
Progesterona: responsável pelo pico de FSH no meio do ciclo.
Inibina A: é secretada pelo corpo lúteo, sob influência de LH. Junto com o estradiol controla a secreção de FSH na fase de transição lútea-folicular
Inibina B: esta é secretada pelas células da granulosa, sob estímulo de FSH. Sua concentração predomina na fase folicular.
Outros: Folistatina, Ativina e Fatores de Crescimento

Ciclo Uterino
Este ciclo acompanha o ciclo ovariano, e tem como função o preparo do endométrio para implantação.
> O endométrio apresenta uma porção cíclica, ou seja, uma camada/decídua funcional. E esta é composta por duas subcamadas: esponjosa (profunda) e compacta (superficial). E a outra parte do endométrio é a camada/decídua basal, que sofre pouca variação durante o ciclo, e é responsável pela regeneração do endométrio após a menstruação.
> Este ciclo é divido em Endométrio Proliferativo, E. Secretor e E. Menstrual.

Endométrio Proliferativo – é marcado por um grande número de glândulas, células estromais e células vasculares endoteliais. O pico máximo de células endometriais corresponde ao período do pico de estradiol.
Endométrio Secretor – caracteriza-se pela ação da progesterona produzida pelo corpo lúteo. Ocorre diminuição do receptores de estrogênio. Por volta do sétimo dia após a ovulação se inicia o edema progressivo do tecido.
Endométrio Menstrual – este se caracteriza pela ruptura irregular do endométrio, que ocorre devido o fim da vida funcional do corpo lúteo, e consequentemente  redução de estrogênio e progesterona (reações vasomotoras – perda tecidual – menstruação)
> Espasmos vasculares leval à isquemia e perda de tecido
> As prostaglandinas produzidas intensificam os espasmos e levam à contrações miometriais (cólicas)

domingo, 28 de agosto de 2011

Amenorréia


Amenorréia é a ausência de menstruação por no mínimo três ciclos, ou quando a primeira menstruação (menarca) não surge.
Classificada em:
  • Amenorréia primária: ausência de menstruação aos 14 anos associada à falha no desenvolvimento sexual (características secundárias) ou ausência de menstruação aos 16 anos, mesmo com o desenvolvimento sexual normal.
  • Amenorréia secundária: ausência de menstruação por seis meses ou pelo período equivalente a três ciclos.

É fisiológica na infância, pós-menopausa, gestação ou puerpério, e no primeiro ou segundo mês pós-aborto (após esse período pode ser considerada patológica).
Conceitos:
- Atraso menstrual é a ausência de menstruação por período inferior a três meses.
- Amenorréia é a falta da menarca ou da menstruação por período superior a três ciclos ou seis meses.
- Hipomenorréia é a diminuição do fluxo menstrual ou da duração.
- Oligomenorréia é a diminuição na freqüência das menstruações (>35 dias).
- Criptomenorréia é a menstruação que não se exterioriza (agenesia do colo, septo transverso).

As causas são estudadas por compartimentos:
  • Compartimento I são desordens do trato de saída do fluxo menstrual
  • Compartimento II são desordens ovarianas
  • Compartimento III envolve desordens hipofisárias
  • Compartimento IV envolve desordens hipotalâmicas

Investigação > Anamnese detalhada!
Investigação de Amenorréia Secundária
Ø      Todo caso de amenorréia secundária deve começar a ser investigado pela exclusão de gravidez!
Ø      Depois dosagem de prolactina e TSH (simples e baixo custo).
- TSH: pode detectar hipotireoidismo subclínico (TSH ↑ e T4 normal)
- Prolactina: geralmente está associada a uso de fármacos(antagonistas da dopamina, benzodiazepínicos, etc) ou de adenomas produtores de prolactina. Outras: gestação, lactação, estresse, sono, coito, etc.
*Microadenomas – são tumores <10cm e que o tratamento clínico para os casos que envolvem amenorréia é feito com agonista dopaminérgico, pois a dopamina inibe a síntese de prolactina. (Bromocriptina e Cabergolina)
*Macroadenomas – inicialmente o tratamento é clínico com os agonistas de dopamina, e nos casos de não regressão há indicação de cirurgia transesfenoidal.
Ø      Teste da Progesterona: avalia o status estrogênico e o trato genital (compartimento I).
- Administra-se acetato de medroxiprogesterona 10mg/dia por 5 dias OU progesterona micronizada oral 300mg/dia por 5 dias.
*Teste de progesterona é + quando há o sangramento 2 a 7 dias após o término do esquema, significando presença de estrógenos circulantes, endométrio responsivo e trato genital íntegro. Neste caso houve Anovulação.
*Teste de progesterona é – quando não há o sangramento, sendo assim suspeita-se de obstrução do trato genital, ausência de estrógenos circulantes(produção deficiente) ou endométrio não responsivo.
Ø      Teste do estrogênio: baseado na administração de estrogênios combinados 1,25mg/dia ou estradiol 2mg/dia por 21 dias, com associação de progesterona nos últimos cinco dias.
- Este exame avalia a resposta endometrial e a viabilidade do trato de saída.
*Teste + é quando ocorre o sangramento, e assim se exclui as causas uterovaginais
*Teste – representa alteração do compartimento I (trato genital)
Ø      Dosagem do FSH: faz o diagnóstico diferencial entre as desordens do compartimento II, III ou IV, distinguindo causas hipergonadotrópicas (↑FSH) das hipogonadotrópicas (↓FSH).
- Dosagens elevadas de FSH (>20U/L) indicam integridade do eixo hipotálamo-hipofisário e produção inadequada dos hormônios ovarianos – hipogonadismo hipergonadotrófico.
- Dosagens baixas de FSH (<5U/L) indica que não está ocorrendo produção ovariana por ausência de estímulo central – hipogonadismo hipogonadotrófico.
- RNM e TC para rastreio de tumores do SNC (níveis baixos ou normais de gonadotrofinas)
Ø      Teste do GnRH: Utilizado nos casos de hipogonadismo hipogonadotrófico, para determinar origem da disfunção (hipotálamo ou hipófise)
- Coleta-se amostra de sangue para verificar os níveis de LH eFSH, e administra-se 100mg de GnRH, com posterior avaliação.
*Positivo quando há >LH e/ou FSH – sugere defeito hipotalâmico

Investigação de Amenorréias Primárias
São analisadas de acordo com a presença ou ausência dos caracteres sexuais secundários.
Propedêutica COM caracteres sexuais secundários

  1. Realiza-se o Teste da Progesterona
    - Se positivo ocorreu anovulação
    - Se negativo...
  2. Realiza-se o Teste de Estrogênio
    - Se negativo, o problema se encontra no trato de saída (útero/vagina)
    - Se positivo (eixo hipotálamo-hipófise-ovário)...
  3. Realiza-se a Dosagem de FSH

Amenorréias SEM caracteres sexuais secundários
                                  ↓
  1. FSH e LH altos – disgenesia gonádica
  2. FSH e LH baixos – teste de GnRH
    - Positivo fala a favor de hipotálamo
    - Negativo fala a favor de hipófise

Amenorréias Hipotalâmicas
Estas ocorrem quando a diminuição dos pulsos de GnRH é grande.
Obs: fatores psíquicos, doenças crônicas, desnutrição, exercícios apresentam influência sobre os pulsos de GnRH, inibindo-o e
alterando o ciclo menstrual.
- Os pulsos de GnRH recebem influência de opióides endógenos, melatonina e GABA, com ação inibitória, e as catecolaminas, Ach e peptídeo intestinal vasoativo, com ação estimulatória.
- A maioria das amenorréias secundárias possui origem hipotalâmica, fazendo parte do hipogonadismo hipogonadotrófico.
- Deve-se excluir causas hipofisárias
- Achados: níveis normais de prolactina, Rx de sela túrcica normal, falha da terapia de supressão com progesterona(negativo), resposta normal ao estímulo de estrogênio e progesterona (positivos).

Situações!
  1. Estados de grande tensão – o estresse acarreta alterações cortiço-hipotalâmicas que se manifestam por distúrbios no mecanismo de retroalimentação.
  2. Pseudociese (gravidez psicológica)
  3. Distúrbios alimentares (bulimia e anorexia nervosa) – a supressão de GnRH é atribuída a alterações pssíquicas
  4. Exercícios físicos – rotina exaustiva de atividade física leva a irregularidade menstrual. Comum em maratonistas, bailarinas; essas mulheres apresentam gonadotrofinas e hormônios tireoidianos em níveis reduzidos e níveis elevados de prolactina, GH, testosterona, ACTH, esteróides adrenais e endorfinas.
    - A supressão do GnRH se deve a alterações de neurotransmissores, peso crítico (percentual de gordura muito diminuído), gasto energético, estresse e liberação de endorfinas.
  5. Atraso constitucional da puberdade (amenorréia primária – e causa mais comum de puberdade tardia)
  6. Neuropatias
    - Síndrome de Kallman é causada por uma falha na migração de células neuronais olfatórias e das células produtoras de GnRH. Na mulher consiste em amenorréia primária (secreção deficiente de GnRH), infantilismo sexual e anosmia ou hiposmia (diminuição da olfação). Os níveis de gonadotrofinas são baixos; os ovários pequenos. Respondem à administração de GnRH exógeno.
    - Outras síndromes: Lawrence-Moon-Biedl (amenorréia primária, retardo mental, baixa estatura, polidactilia e braquidactilia); Morgani-Stewart-Morel e Síndrome de Froechilich
  7. Amenorréia pós-pílular – os anticoncepcionais orais podem levam à amenorréia por um feedback negativo. Geralmente não persiste por mais de 6 meses
  8. Drogas – androgênios etranqüilizantes por exemplo são capazes de levar à amenorréia também por feedback negativo. Outras drogas como metoclopramida, metildopa provocam amenorréia pelo aumento dos níveis de prolactina.
  9. Tumores

Amenorréias Hipofisárias
  1. Tumores – são os mais freqüentes nas causas de amenorréia hipofisária
  2. Doenças degenerativas ou inflamatórias (meningite, encefalite, esclerose múltipla, etc)
  3. Síndrome de Sheehan – esta síndrome resulta de necrose hipofisária secundária à isquemia local, que pode ocorrer função do espasmo das artérias pituitárias, no choque hipovolêmico no parto. E o setor gonadotrófico é o mais acometido, provocando assim amenorréia secundária associada a ausência de lactação.
  4. Síndrome de Simmonds – mesma etiologia da síndrome de Sheehan, mas não apresenta relação com o parto.
  5. Síndrome de Sela Vazia – é um defeito congênito em que a hipófise encontra-se deslocada.

Amenorréias Gonodais
Nestes casos a produção de estrogênio pelos ovários é insuficiente ou ausente para a ocorrência da ovulação e da estimulação endometrial. Assim não ocorre o feedback negativo, e há o aumento das concentrações de gonadotrofinas (hipogonadismo hipogonadotrófico).
Causas:
  1. Anovulação Crônica significa falhas repetidas da ovulação. É causada por uma assincronia entre a secreção de gonadotrofinas e estrogênio, e neste caso não ocorre hipogonadismo pois a produção estrogênica é normal. Mas há uma alteração nos mecanismos de feedback do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, que provoca insucesso na maturação folicular e ovulação
  2. Disgenesia Gonodal é a principal causa de amenorréia primária e geralmente está associada à Síndrome de Turner – ovários em fita, caracteres sexuais secundários não evidenciados, útero, vagina e trompas presentes mas infantilizados.
    - Outras alterações: retardo do crescimento; infantilismo sexual, pescoço alado,  mamilos excessivamente separados, anormalidades cardiovasculares, rins em ferradura/alterações renais, implantação baixa dos cabelos e das orelhas, pernas curtas.
    > Disgenesia gonodal pura - ocorre nos indivíduos com fenótipo feminino e que possuem gônadas em fita, que não produzem hormônios esteróides, nem inibina.  Há níveis elevados de FSH.
  3. Falência ovariana precoce é quando ocorre falência ovariana antes dos 40 anos de idade, e pode ser adquirida (irradiação pélvica, quimioterapia, cirurgias, processos infecciosos, tumores) ou idiopática. Esses pacientes apresentam risco aumentado de osteoporose.
  4. Síndrome de Savage (rara) é determinada pela resistência ou ausência dos receptores ovarianos à ação das gonadotrofinas.
  5. Tumores ovarianos com atividade endócrina
  6. Deficiência de 5-alfa-redutase (XY) – esta enzima converte testosterona em diidrotestosterona  que é responsável pela exteriorização da genitália externa

Amenorréias Úterovaginais
  1. Hiperplasia supra-renal congênita provoca uma incapacidade de produção de enzima totalmente funcionante, que provoca: diminuição da produção de cortisol, aumento compensatório dos níveis de FSH e acúmulo dos precursores da enzima afetada na corrente sanguínea.
    - É a principal causa de genitália ambígua nos fetos femininos.
  2. Hermafroditismo verdadeiro (muito raro)
  3. Malformações dos ductos de Muller – esses ductos originam a genitália interna feminina. Malformações associadas à amenorréia podem corresponder à agenesia ou hipoplasia uterina ou a causas obstrutivas como septo vaginal transverso e imperfuração himenal.
  4. Síndrome de Morris – é a insensibilidade periférica a androgênios em indivíduos 46XY.
  5. Insensibilidade incompleta aos androgênios.
  6. Síndrome de Asherman / Atrofia do endométrio / Tuberculose genital.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Cicatrização das feridas

Classificação:
  • Primária - fechamento imediato da ferida através de suturas simples, enxertos...
  • Secundária - não são feitas suturas e os bordos da lesão ficam abertos (ex: biópsia, ferida infectada)
  • Terciária - inicialmente é deixada aberta e depois é fechada por sutura, enxerto, etc.
Fases de cicatrização: Inflamação, Proliferação e Maturação!

Fase inflamatória (hemostasia + inflamação)
Esta fase é caracterizada pelo aumento da permeabilidade vascular; migração de células para o local da ferida através de quimiotaxia, secreção de citocinas e fatores de crescimento; e ativação de células migrantes.
> Primeiro ocorre a vasoconstrição para interromper o sangramento, depois vasodilatação para permitir a inflamação e defesa local. Mastócitos liberam histamina e serotonina para alterar a permeabilidade
> As pirmeiras células que chegam à lesão são os neutrófilos e os macrófagos
> Os neutrófilos (PMNs) são os primeiros que chegam à lesão e sua migração só é interrompida quando a contaminação da ferida é controlada, mas não são essenciais no fechamento das feridas; sobrevivem por 24horas. E os macrófagos (que são essenciais) aparecem quando os neutrófilos desaparecem, ou seja, 24/48hrs após. E completando, os linfócitos apresentam seu pico em torno do 5-7 dia.

Fase proliferativa (duração: 12 a 14 dias)
É realizada através da angiogênese, fibroplasia e epitelização.
* Angiogênese é a formação de novos vasos sanguíneos.
* Fibroplasia é quando os fibroblastos são atraídos e proliferam e produzem componentes da matriz extra-celular. A função primária consiste na síntese de colágeno tipo I.
* Epitelização envolve uma sequência de alterações nos queratinócitos.

Fase de maturação (pode durar meses ou anos)
É a formação do tecido cicatricial propiamente dito, composto por colágeno e pobremente vascularizado. Implica no equilíbrio entre a síntese e a degradação do colágeno, diminuição da vascularização e da infiltração de células inflamatórias.
>As células responsáveis pela contração são os miofibroblastos (fibroblastos + actina-miosina)

Obs: Inflamação - predomínio de colágeno tipo III e fibronectina
        Proliferação - predomínio de colágeno tipo I
        Maturação - força tênsil da cicatriz

Fatores que interferem na cicatrização
  1. Infecção (mais de 100mil colônias ou Streptococcus beta hemolíticos não há cicatrização)
  2. Desnutrição, perda ponderal de 15 a 20%
  3. Albumina <2g/dl, Deficiência de vit C e vit A; Carência de zinco
  4. Perfusão tecidual: Hto >15%
  5. Diabetes Melito, obesidade e idade avançada
  6. Glicocorticóides, Quimioterapia e Radioterapia

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Equilíbrio Ácido-básico

Este assunto é muito complexo! Por isso esse resumo é apenas uma introdução para ajudar a entender o equilíbrio ácido-básico.

Os ácidos são substâncias que liberam H+ e as bases são substâncias que consomem H+ ou liberam OH-.
O pH do nosso organismo é regulado pelo sistema-tampão, que é formado por uma base fraca e um ácido fraco. Assim:
> Após a adição de um ácido, a "base tampão" consome parte do excesso de H+, tendo como resultado uma redução do pH menos intensa (reduz menos do que reduziria sem a ação da "base-tampão").
> Após a adição de uma base, o "ácido tampão" repõe parte do H+ consumido pela base, e tem como resultado um aumento do pH menos intenso (aumenta menos do que aumentaria sem a ação do "ácido-tampão").

O sistema mais importante é o bicarbonato-dióxido de carbono; ou seja, o pH do sangue depende o tempo todo da relação HCO3- / CO2.
HCO3- (bicarbonato) é a base tampão
CO2 -(dióxido de carbono) é o ácido tampão.

Fórmula de Hasselbalch:
pH = 6,10 + log (HCO3-)
                    0,03 PCO2

Se aumenta o Bicarbonato/HCO3- ou reduz a PCO2 > o pH AUMENTA
Se reduz o Bicarbonato/HCO3- ou aumenta a PCO2 > o pH DIMINUI

A resposta compensatória
A variação do pH pode ser compensada de duas formas: forma respiratória e forma renal (metabólica)
RESPIRATÓRIA: A variação do pH por um distúrbio metabólico serve de estímulo neurogênico imediato para o centro respiratório, aumentando ou diminuindo do drive respiratório.

  • Na acidose metabólica o estímulo é para hiperventilação (eliminar CO2 para acompanhar a queda do HCO3, evitando uma queda muito acentuada do pH). Lembrando que HCO3 é base, e CO2 é ácido.
  • Na alcalose metabólica o estímulo é para hipoventilação (reter CO2 para acompanhar o aumento de HCO3, evitando uma elevação muito alta do pH).
METABÓLICA/RENAL: A variação do pH plasmático por um distúrbio respiratório serve de estímulo para os rins atuarem, mas a compensação metabólica demora dias ou semanas.
  • Na acidose respiratória a retenção renal de bicarbonato e a eliminação de H+ acompanham o aumento da PCO2.
  • Na alcalose respiratória a eliminação renal de bicarbonato e a renteção de H+, acompanham a diminuição da PCO2.
Gasometria arterial - valores normais!
> pH: 7,35 -7,45
> pCO2: 35 -45mmHg
> HCO3: 22 -26mEq/L
> BB: 48mEq/L (45-51) - concentração total de bases no sangue
> BE: -3/+3mEq/L - mede a variação do BB

Distúrbios ácido-básicos
Acidose metabólica: pH baixo; HCO3 baixo
Acidose respiratória: pH baixo; PCO2 alto
Alcalose metabólica: pH alto; HCO3 alto
Acidose respiratória: pH alto; PCO2 baixo

?? Duas perguntas para entender melhor os casos de equilíbrio ácido-básico e responder questões!
  1. O pH está ácido ou alcalino?
  2. Se o pH estiver ácido/alcalino, quem explica a acidose/alcalose, o HCO3 ou a PCO2?
Distúrbios mistos
Existência concomitante de um distúrbio metabólico + distúrbio respiratório. Sempre se deve definir qual o distúrbio mais importante no caso, e verificar a resposta esperada.

Resposta esperada:
Acidose metabólica - PCO2 esperado = (1,5 x HCO3) + 8
Alcalose metabólica - PCO2 esperado + HCO3 + 15
Acidose respiratória - Aguda > HCO3 aumenta 1mEq/L quando PCO2 aumenta 10mmHg
                                  Crônica > HCO3 aumenta 4mEq/L quando PCO2 aumenta 10mmHg
Alcalores respiratória - Aguda > HCO3 reduz 2mEq/L quando PCO2 diminui 10mmHg
                                    Crônica > HCO3 reduz 4mEq/L quando PCO2 diminui 10mmHg

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Pancreatite Aguda

É uma condição inflamatória aguda, com acometimento variável de estruturas peripancreáticas e órgãos à distância. Patologia detecta necrose gordurosa associada a reação inflamatória.

É dividida em pancreatite leve e pancreatite grave.
P. leve – cursa apenas com edema, sem áreas de necrose, sem complicações locais ou sistêmicas e apresenta curso autolimitado de 3-7 dias. Letalidade 1%.
P. grave – cursa com extensa necrose, hemorragia retroperitoneal, quadro sistêmico grave e uma evolução de 3-6 semanas. Letalidade 30-60%.

O processo inflamatório se inicia por lesão das células acinares (produtoras de enzimas pancreáticas), que passam a liberar enzimas ativas para o interstício. A liberação de enzimas ativas no interstício acaba levando a lesão do endotélio vascular e das próprias células acinares. Levando então a alterações da microcirculação, como microtrombose, vasocronstrição, estase capilar, redução da saturação de oxigênio e isquemia progressiva. Esse fenômenos produzem aumento da permeabilidade capilar e edema da gandula, além de uma insuficiência da microcirculação. E a translocação bacteriana ocorre pela isquemia e por shunts arteriovenosos induzidos pela pancreatite, que acabam provocando a quebra da barreira intestinal. (cólon transverso – contato próximo com o pâncreas). A infecção do tecido pancreático apresenta altíssima letalidade.

As principais causas de pancreatite aguda são: Litíase Biliar e Alcolismo

Litíase Biliar – a passagem de cálculos biliares pela ampola de Vater parece ser a causa mais comum. Geralmente são cálculos menores. A obstrução da ampola pode provocar indiretamente a liberação aguda de enzimas pancreáticas ativadas; ou a obstrução proporciona refluxo biliar para o ducto pancreático, desencadeando o processo de ativação enzimática.
Não se associa com a pancreatite crônica.
É mais comum no sexo femininoo, obesos e entre 50-70 anos.

Alcolismo -  Em geral o indivíduo já é etilista há pelo menos 5 anos e já existe algum comprometimento crônico do pâncreas.
A crônica é marcada por vários episódios de pancreatite aguda, desencadeadas após libação alcólica.

Outras causas: Hipertigliceridemia (pcs diabéticos mal controlados e/ou hipertigliceridemia familiar e em alcoolistas); Hipercalcemia, Pós-operatório; Induzida por fármacos, Pancreatite Idiopática (microlitíase biliar, disfunção do esfíncter de Oddi)

Manifestações Clínicas

DOR ABDOMINAL AGUDA + VÔMITOS + NÁUSEAS
Dor abdominal em andar superior do adbome e contínua. Pode irradiar para o dorso e ser caracterizada como dor em barra. A dor é de progressão rápida e intensa.
Outros sintomas: inquietação, agitação e alívio da dor em posição genupeitoral.

Pode apresentar febre, sinais de desidratação, taquicardia, taquipnéia, confusão mental em situações mais graves. Pode ocasionar icterícia.

Exame físico: Dor leve à palpação, sinal de Blumberg (irritação peritoneal). Sinal de Cullen, Grey-Turner.

Confirmação diagnóstica
Exames de sangue (amilase e lípase) + Exame de imagem (TC)
Amilase: Costuma se elevar no primeiro dia do quadro clínico e se manter elevada por 3-5 dias.
Normal < 160U/L
Lipase: Se eleva junto com a amilase, mas permanece por mais tempo elevada, entre 7-10 dias. É mais específica.
Normal < 140U/L

Obs: As duas enzimas acima 3x do valor de normalidade são altamente específicas.

TC com contraste oral e venoso é o melhor método. Indicações:
  1. Diagnóstico clínico duvidoso
  2. Pacientes com amilase alta e sinais de gravidade (distensão e dor abdominal, hipertermia e leucocitose)
  3. Ranson > 3
  4. Paciente que apresentam melhora clínica com o tto incial por 72hrs
  5. Deterioração clínica aguda após melhora clínica inical.

Outros exames: USG ( diagnóstico de litíase biliar – está sempre indicada),
Rx (quadro de abdome agudo, RNM

Critérios de Ranson (Prognóstico)

INTERNAÇÃO HOSPITALAR                         
Ø      55 anos
Ø      Leucocitose > 16000mm³
Ø      Glicemia > 200mg/dl
Ø      LD4 > 350 UI/L
Ø      TGO > 250 UI/L

PRÓXIMAS 48HRS
Ø      do Hto acima de 10%
Ø      de BUN > 5mg/dl (uréia e nitrogênio no sangue)
Ø      Ca < 8 mg%
Ø      PO2 < 60mmHg
Ø      Déficit de base > 4 mEq/l

A presença de 3 desses critérios ou mais define pancreatite grave!

Tratamento
Abordagem: Reposição volêmica, analgesia e dieta enteral zero
  • Forma leve ou grave?
  • Grave – TC
  • Obsservar complicações
  • Recomeçar a dieta enteral no momento certo

Tratamento forma leve:
Analgesia (meperidine) + hidratação venosa + controle ácido/básico

Tratamento forma grave:
Analgesia(opiáceo – meperidina) + hidratação venosa (6l de Ringer Lactato em 24hrs) + suporte nutricional + antibioticoterapia profilática (imipinem – 10 dias)
Aminas vasopressoras em caso de choque.

Câncer de Tireóide


Não é um câncer muito comum.
A maioria dos tumores têm origem na célula folicular: carcinoma papilífero, que é o mais comum, e carcinoma folicular.
Os outros são: carcinoma medular da tireóide, carcinoma anaplásico (é o mais agressivo e mais comum em idosos) e o linfoma (tireoidite de Hashimoto).

Ø      A ativação de oncogenes da família ras está relacionada ao surgimento do carcinoma papilífero em indivíduos expostos à radiação.
Ø      O prot-oncogene RET quando ativado, participa do desenvolvimento do carcinoma medular da tireóide associado a neoplasia endócrina múltipla. Esta síndrome apresenta o carcinoma medular da tireóide, hiperparatireoidismo e feocromocitona.
Ø      Alterações nos receptores de tirosina quinase estão envolvidos no câncer da tireóide.
Ø      Mutação do gene supressor p53 é encontrada no carcinoma anaplásico.

Carcinoma Papilífero
- É o tumor mais comum da tireóide
- Está associado a pessoas expostas à radiação e crianças.
- Mais freqüente no sexo feminino, entre 30-40 anos de idade
- Disseminação mais comum é por via linfática

Principais tipos histológicos: Carcinoma papilífero clássico
                                                            Variante folicular do carcinoma papilífero
Geralmente este carcinoma cresce lentamente, infiltra e se estende para linfonodos regionais do pescoço (isso não indica pior prognóstico). O tumor apresenta características mais agressivas após os 50 anos; e o órgão mais afetado por metástase é o pulmão, seguido dos ossos e do SNC.

Manifestações clínicas
Na maioria das vezes o paciente se encontra eutireoideo, com massa de crescimento lento e indolor, e a presença de linfonodo palpável sugere carcinoma pailífero.
Casos avançados: sintomas compressivos como disfagia e rouquidão

Diagnóstico
Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) + citologia do material obtido
TC e RNM são indicadas para complementar a avaliação em pacientes com doença local extensa.

Carcinoma Folicular
- É mais comum no sexo feminino
- Relaciona-se com áreas deficientes em iodo (maior estímulo do TSH > glândula)
- A principal disseminação é por via hematogênica, acometendo principalmente os ossos, pulmão e fígado. Por isso geralmente não há acometimento de linfonodos.

Existem dois (2) tipos de carcinoma folicular:
  1. Tumores minimamente invasivos, de baixo grau e encapsulados
  2. Tumores angioinvasivos de alto grau (atravessa a cápsula e há invasão vascular)



Manifestações clínicas
Apresentam-se como nódulos solitários de rápido crescimento ou podem apresentar dor por hemorragia em seu interior.

Diagnóstico
Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) + citologia não são suficientes. Há a necessidade de invasão capsular ou angioinvasão. Por isso muitas vezes não há o diagnóstico de malignidade no pré-operatório.

Estadiamento (incluindo os dois)
São usados o escore AMES (idade/ metástase à distância/ extensão do tumor/ tamanho do tumor) e o AGES (idade/ grau patológico/ extensão/ tamanho)


Baixo risco
Alto risco
Idade
< 40 anos
>40 anos
Sexo
Feminino
Masculino
Extensão
Tumor confinado/
sem invasão capsular
Extensão/invasão
capcular
Metástase
Ausência de
metástase
Metástase regional/
distância
Tamanho
< 2cm
> 4cm
Grau
Bem diferenciado
Pouco diferenciado


Tratamento é sempre cirúrgico!
- A tireoidectomia pode ser parcial, quase-total ou total.
- Dissecção de linfonodos
> Pós Tireoidectomia Total
Baixo risco > USG 6/6meses
Alto risco > radioablação

Carcinoma de células Hurthle
Este envolve uma variedade menos diferenciada e mais agressiva do que o carcinoma folicular, sendo mais comum em pessoas de idade mais avançada. Metástase para linfonodos regionais é freqüente e o tratamento é cirúrgico (igual ao carcinoma folicular).

Carcinoma Medular da Tireóide (CMT)
- Representa5-10% dos tumores malignos
- Consiste em neoplasia de células C (parafoliculares), produtoras de calcitonina
- Mais comum entre 50-60 anos de idade – unilateral
- Encontra-se também na Síndrome de neoplasia endócrina múltipla (NEM) – bilateral
- O CMT apresenta invasão local, linfática e hematogênica (pulmão, fígado e ossos acometidos)

A calcitonina produzida pelas células C, encontra-se elevada no plasma, funcionando como triagem pré-operatória e para avaliar recidiva no pós-operatório.

Manifestações clínicas
- Massa palpável
- Doença localmente avançada pode levar a rouquidão, disfagia e sinais de comprometimento respiratório.
- Alguns apresentam diarréia, devido mais secreção jejunal de água e eletrólitos induzida pela calcitonina.
- Na síndrome da neoplasia endócrina múltipla pode-se encontrar hipertensão, hipercalcemia e cálculos renais

Diagnóstico
- Presença de massa palpável  + níveis elevados de calcitonina
- PAAF (punção por agulha fina) confirma o diagnóstico
- História familiar para NEM

Tratamento
Tireoidectomia total sempre é indicada + lindadenectomia.
Acompanhamento – dosagem de calcitonina sérica seis (6) meses após a cirurgia (doença residual). Calcitonina >100pg/ml podem indicar doença residual ressecável na região cervical ou metástases à distância, sendo o fígado o mais acometido.

Carcinoma Anaplásico (Indiferenciado)
- É o tumor de maior agressividade, apresentando sobrevida de 6 meses.
- Tem relação com áreas deficientes de iodo.
- Mais comum em pacientes > 60 anos.
- Extremamente invasivo, acometendo toda a tireóide e estruturas vizinhas em poucos meses. A disseminação ocorre por via linfática e hematogênica para linfonodos cervicais, cérebro, pulmão e ossos.
- A maioria desses tumores origina-se de CA tireoidianos diferenciados.

Clínica – Disfagia, disfonia e dispnéia.

Diagnóstico
- Há história de nódulo tireoidiano que aumentou de volume e/ou tornou-se doloroso.
- Palpação – aderido a estruturas vizinhas e pode estar ulcerado
- PAAF + citologia
- Imunohistoquímica é usada para o reconhecimento de tumores muito indiferenciados e para distingui-los do CMT e do linfoma.
- Antígenos pesquisados – tireoglobulina (carcinoma anaplásico)
                                            antígeno linfocitário (linfoma)
                                            calcitonina (CMT)

Tratamento
Não traz bons resultados, mas a traqueostomia deve ser realizada após a confirmação do diagnóstico para prevenir asfixia por invasão traqueal. E deve ser seguida de radioterapia hiperfracionada e quimioterapia.
A tireoidectomia não é indicada devido a característica invasiva do tumor.
Obs: Na maior parte dos casos o paciente vem a falecer de doença metastática disseminada.

Linfoma
- São tumores raros, sendo na maioria não-Hodkin
- Mais comum em mulheres, e por volta dos 70 anos de idade
- Apresenta associação com a tireoidite de Hashimoto
- Tipo mais comum: linfoma B de grande células
Na maior parte dos casos, o tratamento é restrito à quimioterapia. Somente quando o tumor ainda não atravessou a cápsula, a tireoidectomia obtém sucesso.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Câncer de Pulmão

É o câncer que mais mata no mundo!
O termo câncer de pulmão se refere ao carcinoma broncogênico, que são tumores derivados do epitélio respiratório (brônquio, bronquíolo e alvéolo). Os outros tumores são bem menos comuns.

Os carcinomas broncogênicos são classificados em dois grupos:
  • Não pequenas células – são tumores de citoplasma abundante e núcleos pleomórficos. Os principais subtipos são:
    - Adenocarcinoma (32% - tipo mais comum) > É mais freqüente em não fumantes, sexo feminino e <45anos.
    - Carcinoma de células escamosas ou epidermoide (29%)
    - Carcinoma de grande células (9%)   
  • Pequenas células (18%) – são tumores com citoplasma escasso e pequeno núcleo hipercromático. Apresenta característica mais agressiva com propriedades neuroendócrinas.

Obs: O carcinoma epidermóide e o de pequenas células são mais comuns em regiões centrais. E o adenocarcinoma e e de grandes células costumam ser periféricos.

Existe ainda o carcinoma bronquíolo alveolar, que é uma variedade do adenocarcinoma, que cresce ao longo do alvéolo sem invadi-lo. É mais comum em nçao fumantes e às vezes faz diagnóstico diferencial com pneumonia.

Fatores de risco

1.     Tabagismo – é o fator de risco mais importante (20/30 x mais chance de desenvolver CA de pulmão).
- Esse fator de risco envolve todos os tipode de tumor, mas apresenta maior relação com carcinoma epidermóide e o carcinoma de pequenas células.
2.     Charuto e cachimbo
3.     Exposição ocupacional – principais agentes são asbesto, radônio, arsênico, cromo, níquel, hidrocarbonetos aromáticos.
4.     Doenças pumonares – DPOC, fibrose pulmonar idiopática, asbestose.
5.     Radioterapia envolvendo o tórax
6.     Dieta – alto consumo de gorduras, baixa concentração de vit A e E e suplementação com beta-caroteno.
- Proteção: dieta rica em selênio, frutas e vegetais.
7.     Mulheres e negros
8.     Infecção pelo HIV
9.     Predisposição familiar

Manifestações clínicas

- Sintomas inespecíficos: anorexia, perda ponderal, fadiga, anemia.
- Tosse, hemoptise, dispnéia, dor torácica, sibilo
- Acomete linfonodos e estruturas adjacentes como esôfago (disfagia), nervo laríngeo recorrente (rouquidão), nervo frênico (dispnéia e soluços), coração (arritmias , IC).
- Metástases à distância são muito comuns. Os lugares mais acometidos são os ossos (vértebras, pelve e costelas), fígado, adrenal, SNC e medula óssea. O tumor de pequenas células é o que mais dá metástases.
- Síndromes Paraneoplásicas
            1 Síndromes endócrinas (hipercalcemia e Cushing)
            2 Neurológicas (raras)
            3 Musculoesqueléticas (baqueteamento digital)
            4 Hematológicas (trombofilia, tromboflebite)
            5 Cutânea (dermatomiosite)
            6 Rim (síndrome nefrótica)

Síndrome de Pancoast
O tumor do sulco superior pode levar à essa síndrome, que se resume em dor torácica + atrofia das mãos + dor no ombro com irradiação ulnar (invasão do plexo braquial).
Síndrome de Horner
Também pode ocorrer devido a tumores do sulco superior, e envolvem ptose palpebral + miose + enoftalmia + anidrose.
O carcinoma epidermóide é o mais associado a essas síndromes.
Síndrome da veia cava superior (SVCS)
Há edema facial e de membros superiores + pletora + turgência jugular + veias sobressalentes no tórax). Esta síndrome está mais associada ao câncer de pequenas células.

Diagnóstico
Amostra tecidual do epitélio brônquico através de escarro / broncoscopia / biópsia percutânea por agulha fina / videotoracoscopia (VATS) / toracotomia. Uma dessas formas pode ser utilizada para obter a amostra; a escolha é feita de acordo com a localização do tumor. 
- Escarro e broncoscopia são preferidos para tumores centrais
- Outros métodos (biópsia, VATS e toracotomia) para massas periféricas

Estadiamento
O tumor não pequenas células é todo baseado na classificação TNM.
E para o tumor pequenas células o estadiamento é mais simples e feito através de uma classificação que define doença limitada ou doença extensa.
·        Doença limitada – tumor confinado a um pulmão e seus respectivos linfonodos - tratamento Quimioterapia + Radioterapia.
·        Doença extensa – tumor não confinado a um lado hemitórax - tratamento Quimioterapia.

? Lembrando que o tumor pequenas células é um tumor de rápido crescimento e apresenta pré-disposição para metástase à distância.

Tratamento
> Câncer oculto (Tx – tumor avaliado apensa através de escarro ou lavado brônquico) – Ressecção cirúrgica conservadora.

> Estágios I e II (Doença localizada) – Ressecção pulmonar. Os procedimentos mais eficazes são lobectomia e a pneumectomia.
    - Quimioterapia adjuvante (pós-cirúrgica) é usada de rotina no estágio II.
    - Radioterapia em pacientes que não estejam aptos a cirurgia

> Estágio III (Doença localmente avançada)
    - Estágio IIIA (“T” alto e “N” baixo)– o tumor deve ser ressecado sempre que possível e recomenda-se quimioterapia neoadjuvante e adjuvante. Pacientes não candidatos à cirurgia o tratamento é quimioterapia + radioterapia.
    -  Demais pacientes – quimioterapia + radioterapia

>   Estágio IV (Doença avançada) – Quimioterapia paliativa e Radioterapia só em alguns casos, como obstrução brônquica, síndrome da cava superior.